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A experiência como premiação

A experiência como premiação

Vinicius Lima
04/12/2018
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Entre os dias 23 e 26 de outubro, jovens cientistas de três cantos do Brasil vieram para São Paulo para participar da quinta edição do prêmio “Respostas Para o Amanhã” organizado pelo CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária e pela Samsung. Alunos de Ensino Médio do Instituto Federal do Rio Grande do Sul em Osório, da escola de Referência Aura Sampaio Parente Muniz em Salgueiro no Pernambuco e da escola Ronaldo Caminha Barbosa em Cascavel no Ceará, tiveram seus projetos científicos selecionados em meio a milhares de ideias de colégios públicos do país inteiro.

Cerca de 80 alunos e alunas das três turmas premiadas viajaram para São Paulo para viver uma experiência inédita, junto com seus professores coordenadores e parceiros dos projetos vencedores. Nesses três dias na maior cidade da América Latina, eles participaram de uma programação intensa, visitaram a Universidade de São Paulo, o Museu do Futebol, a sede da Samsung em São Paulo e também participaram de oficinas incríveis, como a do grupo GATU sobre comunicação científica.

Esse é o diferencial do Prêmio Respostas Para o Amanhã no Brasil: o estímulo à pesquisa científica e participação colaborativa entre todos os estudantes da turma. Neste ano o Prêmio se destacou com a premiação de um Intercâmbio Cientifico-Cultural em São Paulo, trazendo todos os alunos vencedores para viver essa experiência fora do seu território. Para Ana Cecília Arruda, coordenadora do prêmio, “mais do que criar uma disputa entre os estudantes, queremos estimular a colaboração e o reconhecimento das múltiplas competências, assim como o fortalecimento dos vínculos entre os estudantes e destes com seus professores.

Para muitos dos alunos, participar de uma premiação como essa é um sonho realizado. “A experiência foi muito boa, foi minha primeira vez em São Paulo e é uma oportunidade muito legal de expandir nosso conhecimento, nossa cultura e conhecer novas pessoas, também”, diz Victor Manoel Silva, aluno do Ronaldo Caminha Barbosa em Cascavel no Ceará – e completa, “com certeza, vou levar muita coisa que aprendi aqui para a vida inteira”.

 

OS PROJETOS PREMIADOS:

Sabe os mosquitos Aedes aegypti? Com certeza, você já ouviu falar deles em algum jornal, isso se você nunca foi infectado por eles porque o número de casos de pessoas infectadas com a dengue, a febre amarela, zika ou chikungunya crescem, cada vez mais, especificamente no Nordeste do Brasil. Porém, nem os maiores cientistas imaginariam que a solução viria da castanha de caju. Os alunos da escola Aura Sampaio Parente Muniz em Salgueiro pensaram nisso e desenvolveram um projeto para avaliar o efeito larvicida do liquido da castanha de caju.

Desafiados para resolver um problema local da comunidade de Salgueiro, os alunos liderados pela professora coordenadora Uanne Freire Bezerra pesquisaram porque o LCC presente na Castanha de Caju tem um efeito larvicida e qual é a melhor concentração de LCC a ser utilizada para que o efeito seja eficiente para combater o Aedes Aegypti. Essa pesquisa além de contribuir para uma vida mais saudável da população, é sustentável e já apresentou resultados importantes que confirmaram seus efeitos.

Ainda no Nordeste, mas em Cascavel no Ceará, 70 quilômetros da capital Fortaleza, os alunos do colégio Ronaldo Caminha Barbosa encontraram uma solução para os  alguns dos problemas relacionados a agricultura familiar. Eles pesquisaram como poderiam aumentar a produtividade dos agricultores familiares apresentando  uma solução de baixo custo que melhora a qualidade e a quantidade dos alimentos dos moradores da região.

O bioestimulador dos alunos de Cascavel é composto  do liquido das sementes do pinhão e do capim carrapicho e foi testado nas sementes da melancia e do feijão. O resultado? A velocidade do crescimento da plantação aumentou muito. Para muitos agricultores da região, o estimulador natural é uma solução  para acelerar as plantações, que muitas vezes, eram perdidas devido as mudanças climáticas.

O terceiro projeto realizado pelos estudantes do sul do país, do Instituto Federal da cidade de Osório no Rio Grande do Sul,  partiu da preocupação com dois problemas da região,  a qualidade da água e dos resíduos gerados com a grande produção de arroz. A partir destas questões, eles se perguntaram, “é possível tratar a água através da casca de arroz deixada pelas produções agrícolas”?

A partir desse questionamento, os alunos e alunas do 3º ano pretendem ajudar no problema do excesso de metais nas águas dos poços da região. Junto com uma universidade da região, eles realizaram algumas pesquisas e após a ativação da casca de arroz com hidróxido de sódio e com uma secagem na estufa, eles conseguiram identificar a capacidade biossorvente na casca que reduzia a quantidade de ferro e manganês na água.

 

OS DIAS EM SP

USP

Foi uma longa viagem até chegarem a São Paulo, alguns pegaram dois aviões e um ônibus para chegar até lá. Longe, né? Após descansarem da longa viagem, no segundo dia, os alunos conheceram a Universidade de São Paulo, logo pela manhã. Isso mesmo, eles fizeram uma visita na USP, mais especificamente no laboratório OCEAN SAMSUNG, “um centro de capacitação tecnológica organizado pela Samsung na Escola Politécnica para desenvolver conhecimento para a comunidade”, como disse Guilherme Selber, gerente de inovação da Samsung.

No OCEAN, os alunos e as alunas aprenderam um pouco sobre a “Internet das Coisas” com os participantes do  Code IOT, um projeto da Samsung com o laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica. Nesta oficina  foram desafiados a pensar o que é internet e como ela pode ser uma solução para os problemas atuais. Depois, participaram também de uma atividade de Design Thinking com os pesquisadores de Sistemas Integráveis da universidade. “Uma visita a um espaço desse é muito importante para a vida deles porque traz uma perspectiva para eles se tornarem, quem sabe, futuros alunos da USP”, afirma Irene Ficheman, pesquisadora do laboratório.

SAMSUNG

No mesmo dia, depois de um belo almoço na USP, os alunos foram a sede da Samsung onde foram recebidos pela governança e cada escola teve um momento para se apresentar, falar do seu projeto e da sua cidade. Porém, não foi uma apresentação qualquer, as apresentações foram feitas por meio de objetos simbólicos que representavam cada local de origem  dos estudantes.

Os estudantes  de Osório contaram sua história a partir do hino da cidade e levaram um mini gerador eólico que representa a principal fonte de energia e renda da região. Já o pessoal da Escola Ronaldo Caminha Barbosa apresentou a sua cidade de uma maneira muito divertida com um cordel cantado pelos alunos,  levaram também uma pequena jangada para representar o litoral e os jangadeiros da cidade. O pessoal de Salgueiro quis mostrar um pouco mais sobre Pernambuco, além do que já se  sabe sobre Recife,  contaram a história de Conceição das Criola a partir  das bonecas artesanais que são muito marcantes.

Depois disso, visitaram o showroom da Samsung e puderam conhecer as próximas novidades de celulares e televisões que poderão auxiliar em suas pesquisas escolares  e que ainda nem chegaram nas lojas.

Pensa que acabou? Para fechar com chave de ouro essa visita na Samsung, os alunos foram presenteados com uma apresentação do Ciência em Show que fez vários experimentos de forma lúdica e interativa. Os futuros cientistas das três escolas foram convidados para participarem da apresentação e  fazerem com as próprias mãos ciência com gelo seco, com eletricidade e com a água. Por fim, participaram de um programa típico de São Paulo, foram em uma pizzaria, já que todo mundo fala que a nossa pizza é a melhor de todas, não é mesmo?

MUSEU DO FUTEBOL

Para iniciar o terceiro dia em São Paulo e também o dia mais corrido, os adolescentes das três escolas conheceram o Museu do Futebol no Estádio do Pacaembu para saber mais sobre a história do futebol brasileiro, dos times que eles torcem e também sobre a ciência no esporte, até porque ela está em tudo, até mesmo no futebol.

GATU

Não basta fazer ciência, os cientistas têm que saber como vão comunicar esse conhecimento produzido para pessoas que não sabem sobre ciência, se não, toda produção científica fica restrita à academia e aos cientistas. Esta é a proposta  do grupo GATU,  saber como comunicar melhor o seu projeto científico. Então, para facilitar a comunicação entre os alunos, eles ganharam uma oficina sobre comunicação científica. Enquanto isso, os professores também participavam de uma oficina de como poderiam aprimorar suas práticas educativas e indicar aperfeiçoamentos para o Prêmio nas próximas edições.

PREMIAÇÃO

No final, foi a hora de descansarem e se arrumarem para o momento tão esperado, a cerimônia de premiação. Orientada pelo mestre de cerimônia Felipe Melo, diretor da ONG Canto Cidadão, todos os meninos e meninas viram o vídeo dos seus projetos passarem no telão do evento e relembraram a trajetória que trilharam até serem premiados nesse grande dia, que culminou com a entrega de medalhas e troféus.

Segundo a Isabel Costa, gerente de Cidadania coorporativa da Samsung, “a experiência real torna o aprendizado mais vivo e significativo e o Prêmio Respostas para o Amanhã quer estimular isso para gerar mudanças na sociedade”. Já Mônica Franco, diretora executiva do Cenpec, em sua fala, “uma educação de qualidade transforma a escola e também o território em que está inserida”, diz também que, “os estudantes e os professores das escolas públicas são os grandes protagonistas da educação brasileira”.

A premiação também contou com uma palestra da astrofísica Patrícia Novais que conversou com eles sobre a sua trajetória na Ciência e os inspirou com a sua história de vida. Você pode conferir também uma entrevista que fizemos com ela onde conta sobre o papel da mulher na ciência. Por fim, para encerrar, nada melhor do que um belo jantar, música e dança para encerrar essa experiência inesquecível dos alunos em São Paulo.

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