Fim dos atalhos.
Início do topo.
Fim do topo.
 
Criatividade e pesquisa marcam os projetos vencedores da 5ª edição

Criatividade e pesquisa marcam os projetos vencedores da 5ª edição

Fernanda de Andrade Santos
11/10/2018
Compartilhar:

Um larvicida natural que visa combater o mosquito do Aedes Aegypti; um bioestimulador para melhorar a produção da agricultura familiar; um biossorvente feito com a casca do arroz e que extrai metais pesados da água. Três trabalhos científicos com algo em comum: são propostas de investigação elaboradas por estudantes do Ensino Médio da rede pública brasileira.

Os três projetos foram os vencedores nacionais da 5ª edição do Prêmio Respostas para o Amanhã, uma iniciativa da Samsung, com coordenação geral do Cenpec, voltado para estudantes do ensino médio de escolas públicas de todo o país. O anúncio dos vencedores foi feito em 26 de setembro na página do Prêmio da Internet.

Os projetos revelam soluções formuladas pelos estudantes e seus professores a partir da identificação de problemas que afetam suas comunidades e que também figuram entre questões atuais e urgentes para o país. Com a realização de pesquisas dentro e fora do espaço escolar, articuladas a conteúdos curriculares de diferentes disciplinas e a processos que contaram com a participação da própria comunidade, de especialistas e de instituições parceiras, os projetos vencedores se destacaram entre mais de 1128 mil inscritos. Os participantes - alunos e professores - receberam como prêmio uma viagem de intercâmbio científico-cultural para a cidade de São Paulo.

Combater o Aedes Aegypti no quintal da escola

Entre 2016 e 2017, o estado de Pernambuco registrou quase 13 mil casos de zika e 130 mil casos de suspeita de dengue. Em 2018, um levantamento feito pelo Ministério da Saúde apontou que ao menos 160 cidades pernambucanas estavam em estado de alerta ou com risco de surto de dengue, dentre elas o município de Salgueiro. Foi a partir desse cenário - que afeta diretamente a saúde e o bem-estar das comunidades locais - que surgiu o projeto Avaliação do efeito larvicida do líquido da castanha de caju em mosquitos hematófagos, idealizado e desenvolvido pelos estudantes do 3º ano A, da Escola de Referência em Ensino Médio Aura Sampaio Parente Muniz, com coordenação da Professora Uanne Freire Bezerra.      

A partir de questões pesquisadas na disciplina de Biologia, os estudantes foram provocados a pensar em soluções alternativas no combate ao mosquito Aedes Aegypti, e que fossem ao mesmo tempo eficientes e de baixo custo, permitindo sua replicação e uso na comunidade. A partir de estudos já existentes sobre o potencial bactericida do líquido da castanha de caju (LCC), e da parceria com um engenheiro agrônomo, os estudantes passaram a pesquisar e prototipar uma cápsula da substância em diferentes concentrações e formatos (pastilha, gel, líquido) para testar o grau de eficácia de cada uma das soluções no combate ao mosquito.

Confira o vídeo do projeto. 

Solução sustentável para o resíduo do arroz

O projeto BCA: biossorvente da casca de arroz para remoção de metais da água de poço do litoral norte gaúcho, desenvolvido pelos estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, no campus da cidade de Osório, partiu de duas temáticas importantes para a identificação de uma situação-problema. Desenvolvido na disciplina Gestão da Produção e da Qualidade, os estudantes se depararam com duas questões instigantes: descarte de resíduos sólidos e qualidade da água.

Atualmente, o Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção de arroz no Brasil, o que gera o desafio de descartar quase duas  toneladas de cascas de arroz a cada safra. Uma pesquisa de conclusão de curso em Engenharia Química desenvolvido por Luísa Pritsch Fontoura, na Universidade Federal do Rio Grande Sul, revelou que somente na safra de 2014/ 2015 produziu-se 1,74 tonelada daquele resíduo, normalmente destinado ao incineramento para produção de concreto, mas que tem alto teor poluente.

Vivendo num dos principais polos produtores de arroz no estado, os estudantes procuraram analisar potenciais usos alternativos da casca do arroz. Com informações de que um elevado número de moradores do município consumiam água de poços com altas concentrações de Ferro e Manganês, os estudantes juntaram as duas questões para elaborar o projeto.  

Depois de uma boa pesquisa bibliográfica e experimentações e análises em laboratório, além de uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, eles conseguiram atestar o potencial biossorvente da palha da casca de arroz beneficiado. Apesar de desenvolvido na disciplina de Gestão da Produção e da Qualidade com a coordenação da Professora Flávia Santos Twardowski Pinto, o projeto foi elaborado interdisciplinarmente com as áreas de Biologia e Química, em parceria com os professores Cláudius Jardel Soares e Saulo Antônio Gomes Filho.

Confira o vídeo do projeto.                

Fomento e produtividade na agricultura familiar

Desde 2008 o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no planeta, respondendo por 20% do mercado mundial do produto. Para além das questões nocivas que envolvem o consumo e manuseio desse produtos nas lavouras - alertas reiteradamente feitos em relatórios de associações e centros de pesquisa como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO, seu preço de mercado é alto tornando-o inacessível ao agricultor familiar. Pensando nessas questões e visando o aumento da produção da agricultura familiar, principal fonte de renda da comunidade e das famílias de alguns estudantes, o terceiro grupo contemplado com o Respostas para o Amanhã se propôs a desenvolver e testar a eficácia de um extrato produzido a partir do capim carrapicho e do pinhão roxo. A ideia era testar a ação do produto em sementes.

Por meio da análise de estudos de referência e experimentação, os resultados preliminares observados pelos estudantes indicaram o aumento da velocidade de germinação das sementes testadas quando submetidas ao tratamento com extrato misto em concentração de 100%.

Desenvolvido pelos estudantes da turma Avançar Científico 2018 da EEM Ronaldo Caminha Barbosa, em Cascavel, Ceará, o projeto Reflexologia experimental de Cenchrus echinatus e Jatropha gossypiifolia no desenvolvimento de culturas-alvo da agricultura familiar foi realizado na disciplina de Biologia, com coordenação da Profª Jôseline Maria Sousa Nascimento, em parceria com os professores Celiane Silva de Carvalho (Matemática) e Juciano Teixeira de Freitas (Português).

Confira o vídeo do projeto. 

Menção Honrosa e vencedores pelo Júri Popular

Além dos três vencedores nacionais, a Comissão Julgadora do Prêmio decidiu indicar a menção honrosa para o projeto Rhizoflorando o Mangue, da EEEFM Almirante Barros, localizada no município de Vitória, no Espírito Santo, pelo diferencial apresentado plea proposta que investigou o manejo sustentável das casacas de árvores dos manguezais. 

No dia 26 também foram conhecidos os cinco projetos vencedores pelo júri popular. Escolhidos a partir dos projetos vencedores regionais e do processo de votação aberta ao público entre os dias 17 e 24 de setembro, os projetos apresentam temáticas variadas, construídas a partir de estudos preliminares e pela elaboração de prototipagens, também visando responder a problemas que afetam suas comunidades. Veja  abaixo quais foram os projetos escolhidos pelo júri popular:

  • Vencedor Região Centro-oeste

Projeto Levantamento do uso de plantas medicinais do Cerrado no Município de Portelândia(GO): Cerrado um bioma que cuida da gente

Profa. Coordenadora: Simone Natalina Kaiser de Oliveira

Turma: 2° ano A

Colégio Estadual Manoel Costa Lima

Portelândia/ GO

  • Vencedor Região Nordeste 

Projeto Se é para sustentar, faço renovar: Ciência e Sustentabilidade

Prof. Coordenador: Carlos José de Souza Junior

Turma: 1º ano D

Escola de Referência em Ensino Médio de Ipojuca

Ipojuca/ PE

  • Vencedor Região Norte

Projeto Tecnologia Assistiva: Construção de Tecnologia Educacional Táteis por Prototipagem 3D para Jovens e adultos cegos e de baixa visão

Profª. Coordenadora: Elza Monteiro Leão Filha

Turma: 3º ano I208 3TL

Instituto Federal do Pará – Campus Belém

Belém/ PA

  • Menção Honrosa e Vencedor Região Sudeste

Projeto Rhizoflorando o mangue

Profa. Coordenadora: Maria Amélia Bonfante

Profs. Parceiros: Maristela Mozer de Souza e Evelline Bernardino Galazzi

Turma: 4º ano MAM1

EEEFM Almirante Barroso

Vitória/ ES

  •  Vencedor Região Sul

Projeto BCA: biossorvente da casca de arroz para remoção de metais da água de poço do litoral norte gaúcho

Profª. Coordenadora: Flávia Santos Twardowski Pinto

Profs. Parceiros: Cláudius Jardel Soares e Saulo Antônio Gomes Filho

Turma: 3º ano 302 ADM

Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Osório

Osório/ RS 

Veja aqui os vídeos produzidos por cada projeto e conheça um pouco mais sobre as cinco propostas de investigação.

Intercâmbio Científico-cultural

Entre os dias 23 e 26 de outubro irá acontecer em São Paulo (SP) o Intercâmbio Científico-cultural envolvendo os 82 estudantes e os 7 professores responsáveis pelas propostas vencedoras. Durante esse encontro, visitarão diferentes espaços culturais e de produção de conhecimento, participarão de oficinas e poderão compartilhar suas experiências. No mesmo período ocorrerá a cerimônia de premiação e a entrega das medalhas e troféus.



TAGS: Valorização Docente Prêmio Metodologia de Projetos Conhecimento Científico